sábado, 26 de dezembro de 2009

Feliz Natal!

Feliz Natal!!!

Que a Paz e o Amor do menino Jesus que nasce seja a Estrela que guia os nossos passos durante o ano de 2010!!!


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um dia no Céu-ESSA VALE A PENA LER!!!!!!!


Tenha um Bom Dia! Boa Tarde! ou mesmo Boa Noite!

Betto Lima


 


 







 







já!


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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Evangelho do Dia 08/04/2009

Evangelho
S. Mateus 26,14-25.

Naquele tempo, 14um dos doze discípulos, chamado Judas Isca­riotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: "Que me dareis se vos entregar Jesus?" Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.  17No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: "Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?" 18Jesus respondeu: "Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos'". 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. 20Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21Enquanto comiam, Jesus disse: "Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair". 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: "Senhor, será que sou eu?"   23Jesus respondeu: "Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!" 25Então Judas, o traidor, perguntou: "Mestre, serei eu?" Jesus lhe respondeu: "Tu o dizes".

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Missionárias da Caridade
Jesus, a Palavra a proferir, cap. 8

«O que mete comigo a mão no prato, esse Me entregará.»

Vede de que compaixão Cristo dá provas para com Judas, o homem que recebeu tanto amor e, contudo, traiu o próprio Mestre, esse Mestre que manteve um silêncio sagrado, sem o atraiçoar perante os companheiros. Com efeito, Jesus poderia muito bem ter falado abertamente, revelando aos outros as intenções ocultas e os atos de Judas; mas não o fez. Preferiu dar provas de misericórdia e de caridade; em vez de o condenar, chamou-lhe amigo (Mt 26, 50). Se Judas tivesse olhado para Jesus de frente, como fez Pedro (Lc 22, 61), teria sido amigo da misericórdia de Deus. Jesus foi sempre misericordioso.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Evangelho do Dia 07/04/2009

Evangelho
S. João 13,21-33.36-38.
 
Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, 21Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: "Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará". 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando.   23Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: "Senhor, quem é?"    26Jesus respondeu: "É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho". Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Isca­riotes. 27Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: "O que tens a fazer, executa-o depressa".  28Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: 'Compra o que precisamos para a festa', ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.  31Depois que Judas saiu, disse Jesus: "Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me pro­curareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: 'Para onde eu vou, vós não podeis ir'". 36Simão Pedro perguntou: "Senhor, para onde vais?" Jesus respondeu-lhe: "Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas seguirás mais tarde". 37Pedro disse: "Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!" 38Respondeu Jesus: "Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes".

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Romão, o Melodioso (?-c.560), compositor de hinos
Hino 34 (trad. SC 128, p. 111s)

A negação de Pedro

Bom Pastor, que deste a vida pelas Tuas ovelhas (Jo 10, 11), apressa-Te, ó santo, a salvar o Teu rebanho. [...]

Após a refeição, Cristo disse: Meus filhos, Meus queridos discípulos, esta noite todos Me negareis e fugireis de Mim (Jo 16, 32). E, tendo todos ficado estupefactos, Pedro exclamou: Mesmo que todos Te neguem, eu não Te negarei. Eu estarei conTigo, e conTigo morrerei exclamando: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho.

Que dizes, Mestre? Eu, negar-Te? Eu, abandonar-Te e fugir? E o Teu chamamento, e a honra que me fizeste, esquecer-me-ei deles? Ainda me recordo de me teres lavado os pés e Tu dizes: Hás-de negar-Me? Vejo-Te aproximar, com uma bacia na mão, Tu que sustentas a terra e seguras o céu. Com essas mãos com que fui moldado são lavados os meus pés, e Tu declaras que cairei e que não voltarei a exclamar: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho? [...]

Ao ouvir estas palavras, o Criador do homem respondeu a Pedro: Que Me dizes, Pedro, Meu amigo? Que não Me negarás? Que não fugirás de Mim? Que não Me rejeitarás? Também Eu gostaria muito de que assim fosse, mas a tua fé é vacilante e não resistes às tentações. Não te lembras de que por pouco não te afogavas, se Eu não te estendesse a mão? Andaste sobre as águas, tal como Eu, mas logo hesitaste e depressa sucumbiste (Mt 14, 28 ss.). E Eu acorri em teu auxílio, quando gritaste: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho.

Eis que te digo: antes de o galo cantar, três vezes Me trairás e, deixando-te abater por todos os lados e deixando submergir o teu espírito como que pelas vagas do mar, três vezes Me negarás. Tu que então exclamaste e que agora hás-de chorar, tu já não Me terás junto de ti, para te dar a mão como da primeira vez, pois dessa mão Me servirei para escrever uma carta de remissão em favor de todos os descendentes de Adão. Da Minha carne que vês farei um papel, do Meu sangue a tinta, para nela escrever o dom que distribuo sem demora a quantos exclamam: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho!
 

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Evangelho do Dia 06/04/2009

Evangelho
S. João 12,1-11.


Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Ofereceram-lhe lá um jantar. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam com Ele à mesa. Então, Maria ungiu os pés de Jesus com uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, e enxugou-lhos com os seus cabelos. A casa encheu-se com a fragrância do perfume. Nessa altura disse um dos discípulos, Judas Iscariotes, aquele que havia de o entregar: «Porque é que não se vendeu este perfume por trezentos denários, para os dar aos pobres?» Ele, porém, disse isto, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, como tinha a bolsa do dinheiro, tirava o que nela se deitava. Então, Jesus disse: «Deixa que ela o tenha guardado para o dia da minha sepultura! De facto, os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim não me tendes sempre.» Um grande número de judeus, ao saber que Ele estava ali, vieram, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Os sumos sacerdotes decidiram dar a morte também a Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, os abandonavam e passavam a crer em Jesus.



Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, Doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de Marcos; PLS 2, 125s (trad. DDB 1986, p. 96 rev. ; cf SC 494, p. 217)


A casa encheu-se com a fragrância do perfume.


«Encontrando-se Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, e estando à mesa, chegou uma mulher que trazia um frasco de alabastro com perfume de nardo puro, de elevado preço» (14, 3). Esta mulher diz-vos diretamente respeito, a vós que ides receber o batismo. Ela partiu o frasco de alabastro para que Cristo, o Ungido do Senhor, fizesse de vós cristãos pela unção. É isso que está dito no Cântico dos Cânticos: «O teu nome é como perfume derramado: por isso te amam as donzelas. Leva-me atrás de ti, corramos!» (1, 3-4). Enquanto o perfume estava fechado, enquanto Deus só foi conhecido na Judeia, enquanto o Seu nome não foi grande senão em Israel (Sl 75, 2), as jovens não seguiam Jesus. Mas, a partir do momento em que o perfume se espalhou por todo o mundo, as almas dos crentes seguiram o Salvador. [...] Ela partiu o frasco de alabastro, a fim de que todos usufruíssem do perfume [...]; um acto que nos recorda o grão de trigo que, «se não morrer, fica só ele» (Jo 12, 24): assim também, se o frasco não for partido, não poderemos ungir-nos com o perfume.

Esta mulher não é a mesma que é citada noutro Evangelho, por ter lavado os pés do Senhor (Lc 7, 38). Porque esssa mulher, que era até então uma pecadora de má vida [...], inunda com as suas lágrimas os pés do Salvador e seca-os com os seus cabelos; mas é só aparentemente que ela lava os pés do Salvador, porque o que realmente faz é lavar os seus pecados. [...]

Que o mesmo se passe convosco, que ides receber o batismo; dado que somos todos pecadores, que ninguém é puro, mesmo que a sua vida tenha durado um só dia (Job 14, 4) [...], começai por abraçar os pés do Salvador, lavai-os com as vossas lágrimas, enxugai-os com os vossos cabelos; depois disso, tocar-Lhe-eis então na cabeça, como fez a mulher do Evangelho de Marcos. Quando descerdes à fonte da vida com o Salvador, tendes de aprender como foi que o perfume chegou à Sua cabeça. Porque, se «a cabeça de todo o homem é Cristo» (1Cor 11, 3), também a vossa cabeça há-de estar perfumada; e será pelo batismo que recebereis esta unção.

fonte: www.evangelhoquotidiano.org

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Evangelho do Dia 03/04/2009

Evangelho
S. João 10,31-42.

Então, os judeus voltaram a pegar em pedras para o apedrejarem. Jesus replicou-lhes: «Mostrei-vos muitas obras boas da parte do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?» Responderam-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus.» Jesus respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: 'Eu disse: vós sois deuses'? Se ela chamou deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus e a Escritura não se pode pôr em dúvida a mim, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, como é que dizeis: 'Tu blasfemas', por Eu ter dito: 'Sou Filho de Deus'? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai.» Por isso procuravam de novo prendê-lo, mas Ele escapou-se-lhes das mãos. Depois, Jesus voltou a retirar-se para a margem de além-Jordão, para o lugar onde ao princípio João tinha estado a baptizar, e ali se demorou. Muitos vieram ter com Ele e comentavam: «Realmente João não realizou nenhum sinal milagroso, mas tudo quanto disse deste homem era verdade.» E muitos ali creram nele.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), Bispo de Ravena, Doutor da Igreja
Sermão 108; PL 52, 499 (trad. Brésard, 2000 ans A, p. 220)

«Por que obra boa Me quereis apedrejar?»

«Rogo-vos, pois, irmãos, pela misericórdia de Deus» (Rom 12, 1): Paulo faz um pedido, ou antes, através de Paulo, Deus faz um pedido, Ele que mais do que ser temido quer ser amado. Deus faz um pedido porque quer ser menos Senhor que Pai. [...] Ouve o Senhor pedir [através do Seu Filho]: «Dizia: Estendia constantemente as mãos» (Is 65,2). Não é estendendo as mãos que habitualmente se pede? «Estendia as mãos.» Para quem? «Para o povo.» Para que povo? Um povo não apenas indócil, mas «rebelde». «Estendia as mãos»: abre os Seus braços, dilata o Seu coração, apresenta o Seu peito, oferece o Seu seio, faz de todo o Seu corpo um refúgio para demonstrar por meio desta súplica a que ponto é Pai. Escuta Deus perguntar ainda: «Meu povo, que te fiz, ou em que te contristei?» (Mi 6,3) Não diz Ele: «Se a Minha divindade vos for desconhecida, não reconhecereis a Minha carne? Vede, vede em Mim o vosso corpo, os vossos membros, as vossas entranhas, os vossos ossos, o vosso sangue! E, se temeis o que é de Deus, porque não amais o que é vosso? Se fugis do Senhor, porque não correis para o Pai?»

Mas a grandeza da Paixão, de que sois a causa, talvez vos encha de confusão. Não temais! Esta cruz não é o Meu cadafalso, mas o da morte. Estes pregos não fixam a dor em Mim, mas cravam mais profundamente em Mim o amor que tenho por vós. Estas feridas não Me arrancam gritos, elas introduzem-vos ainda mais no Meu coração. O esquartejamento do meu corpo dá-vos um lugar ainda maior no Meu seio, não aumenta o Meu suplício. Não perco o Meu sangue, antes o verto para pagar o vosso.

Vinde então, tornai a vir, reconhecei em Mim um Pai que vedes pagar o mal com bem, a injustiça com o amor, grandes ferimentos com uma tão grande ternura.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Evangelho do Dia 30/03/2009

Evangelho
S. João 8,1-11.

Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»


Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja  
Carta 26, 11-20 ; PL 16, 1044-1046 (trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 349 rev.)


O sol da justiça: a Nova Lei no Templo


Uma mulher culpada de adultério é levada pelos escribas e pelos fariseus à presença do Senhor Jesus. Eles formulam a acusação como traidores, de tal maneira que, se Jesus a absolver, dará a ideia de estar a violar a Lei; se a condenar, dará a impressão de ter alterado a razão da Sua vinda, porque Ele veio para perdoar os pecados de todos. [...]

Enquanto eles falavam, Jesus, de cabeça baixa, escrevia na terra com um dedo. Vendo que eles esperavam uma resposta, levantou a cabeça e disse: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» Haverá coisa mais divina que este veredito?: aquele que estiver sem pecado que castigue o pecador. Com efeito, como se pode tolerar que um homem condene o pecado de outro quando desculpa o seu próprio pecado? Não é certo que este se condena ainda mais, ao condenar noutro o pecado que ele próprio comete?

Jesus falou assim e escrevia no chão. Por que o faria? Era como se dissesse: «Por que vês o argueiro que está no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho?» (Lc 6, 41). Ele escrevia no chão com o mesmo dedo com que havia redigido a Lei (Ex 31, 18). Os pecadores serão inscritos na terra e os justos no céu, como Jesus disse aos discípulos: «Alegrai-vos por estarem os vossos nomes escritos nos céus» (Lc 10, 20).

Ao ouvirem Jesus, os fariseus «foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos». [...] O evangelista tem razão em afirmar que eles saíram, pois estes homens não queriam estar com Cristo. Aquilo que se encontra no exterior do Templo é terra; no interior encontram-se os mistérios. É que o que eles procuravam nos ensinamentos divinos eram as folhas, não eram os frutos das árvores; eles viviam à sombra da Lei, e por isso não eram capazes de ver o sol da justiça (Mal 3, 20).

quarta-feira, 25 de março de 2009

Evangelho do Dia

Evangelho
S. Lucas 1,26-38.

Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.» Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus.» Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja
Homilias sobre a Mãe de Deus, 2, 93-145; CSCO 363 e 364, 52-53 (trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 481 rev.)

«Porque me fez grandes coisas, o Onipotente» (Lc 1, 49)

Contemplai Maria, bem-amados, vede como Gabriel entrou em sua casa e como, à sua objecção, «Como será isso?», o servo do Espírito Santo deu a seguinte resposta: «Nada é impossível a Deus, para Ele tudo é simples.» Considerai como ela acreditou no que ouvira e disse: «Eis a serva do Senhor.» Desde logo o Senhor desceu, de uma forma que só Ele conhece; pôs-Se em movimento e veio como Lhe agradava; entrou nela sem que ela o sentisse e ela acolheu-O sem ter qualquer sofrimento. Ela trazia em si, como uma criança, Aquele de que o mundo está cheio. Ele desceu para ser o modelo que renovaria a imagem antiga  de Adão.

É por essa razão que, quando te anunciam o nascimento de Deus, deves manter-te em silêncio. Que a palavra de Gabriel esteja presente no teu espírito, pois nada é impossível a esta gloriosa Majestade que desceu por nós e que nasceu da nossa humanidade. Nesse dia, Maria tornou-se para nós o céu que contém Deus, pois a Divindade sublime desceu e fez dela a Sua morada. Nela, Deus fez-se pequeno – mas sem enfraquecer a Sua natureza – para nos fazer crescer. Nela, Ele teceu-nos uma veste com a qual nos salvaria. Nela cumpriram-se todas as palavras dos profetas e dos justos. Dela se elevou a luz que expulsou as trevas do paganismo.

Numerosos são os títulos de Maria [...]: ela é o palácio no qual habitou o poderoso Rei dos reis, mas Ele não a deixou como viera, pois foi dela que Ele se fez carne e que nasceu. Ela é o novo céu no qual o Rei dos reis habitou; nela elevou-se Cristo e dela subiu para iluminar a criação, formada e talhada à Sua imagem. Ela é a cepa de vinha que deu uvas; ela gerou um fruto superior à natureza; e Ele, se bem que diferente dela pela Sua natureza, vestiu a sua cor quando nasceu dela. Ela é a fonte da qual brotaram as águas vivas para os sequiosos e aqueles que aí se dessedentam dão frutos a cem por um.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Evangelho do Dia 20/03/2009

Evangelho
S. Marcos 12,28-34.

Aproximou-se dele um escriba que os tinha ouvido discutir e, vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus respondeu: «O primeiro é: Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor; amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes.» O escriba disse-lhe: «Muito bem, Mestre, com razão disseste que Ele é o único e não existe outro além dele; e amá-lo com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios.» Vendo que ele respondera com sabedoria, Jesus disse: «Não estás longe do Reino de Deus.» E ninguém mais ousava interrogá-lo.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Concílio Vaticano II
Constituição Dogmática sobre a Igreja no mundo actual (Gaudium et Spes), §§ 23-24

«Não há outro mandamento maior»

Entre os principais aspectos do mundo actual, conta-se a multiplicação das relações entre os homens, cujo desenvolvimento é muito favorecido pelos progressos técnicos hodiernos. Todavia, o diálogo fraterno entre os homens não se realiza ao nível destes progressos, mas ao nível mais profundo da comunidade das pessoas, a qual exige o mútuo respeito da sua plena dignidade espiritual. A revelação cristã favorece poderosamente esta comunhão entre as pessoas, ao mesmo tempo que nos leva a uma compreensão mais profunda das leis da vida social que o Criador inscreveu na natureza espiritual e moral do homem. [...]

Deus, que de todos nós cuida com solicitude paternal, quis que os homens formassem uma só família, e se tratassem uns aos outros como irmãos. Criados todos à imagem e semelhança daquele Deus que «fez a partir de um só homem todo o género humano, para habitar em toda a face da terra» (Act 17, 26), todos são chamados a um só e mesmo fim, que é o próprio Deus. É por isso que o amor de Deus e do próximo é o primeiro e o maior de todos os mandamentos. Mas a Sagrada Escritura ensina-nos que o amor de Deus não se pode separar do amor do próximo: «Todos os outros mandamentos resumem-se nestas palavras: "Amarás o próximo como a ti mesmo". [...] A caridade é, pois, o pleno cumprimento da lei» (Rom 13, 9-10; cf 1Jo 4, 20). Isto revela-se como sendo da maior importância, hoje que os homens se tornam cada dia mais dependentes uns dos outros e o mundo se unifica cada vez mais.

Mais ainda: quando o Senhor Jesus pede ao Pai «que todos sejam um [...] como Nós somos um» (Jo 17, 21ss.),  sugere - abrindo perspectivas inacessíveis à razão humana - que há uma certa analogia entre a união das pessoas divinas e a união dos filhos de Deus na verdade e na caridade. Esta analogia torna manifesto que o homem, única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma, não se pode encontrar plenamente a não ser no sincero dom de si mesmo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Evangelho do Dia 19/03/2009

Evangelho
S. Mateus 1,16.18-21.24.

Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

João Paulo II
São José na vida de Cristo e da Igreja (Redemptoris Custos), §§ 18-19

«Não temas receber Maria, tua esposa»

Dirigindo-Se a José por meio das palavras do anjo, Deus dirige-Se a ele como sendo esposo da Virgem de Nazaré. Simultaneamente, o que nela se realizou por obra do Espírito Santo manifesta a confirmação especial do vínculo esponsal que já antes existia entre José e Maria. O mensageiro diz claramente a José: «Não temas receber Maria, tua esposa.» Por conseguinte, o que tinha acontecido anteriormente - os seus esponsais com Maria - tinha sucedido por vontade de Deus e, portanto, devia ser conservado. Na sua maternidade divina, Maria há-de continuar a viver «como uma virgem, esposa de um esposo» (cf. Lc 1, 27).

Nas palavras da «anunciação» noturna, José não escuta apenas a verdade divina acerca da inefável vocação da sua esposa, ouve também novamente a verdade acerca da sua própria vocação. Este homem «justo» que, segundo o espírito das mais nobres tradições do povo eleito, amava a Virgem de Nazaré e a Ela se encontrava ligado por amor esponsal, é novamente chamado por Deus para este amor.

«José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa»; «O que Ela concebeu é obra do Espírito Santo». À vista de tais expressões, não se imporá porventura concluir que também o seu amor de homem tinha sido regenerado pelo Espírito Santo? Não se deverá pensar que o amor de Deus, que foi derramado no coração humano pelo Espírito Santo (cf. Rom 5, 5), forma do modo mais perfeito todo o amor humano? Este amor de Deus forma também - e de maneira absolutamente singular - o amor esponsal dos cônjuges, aprofundando nele tudo o que tem de humanamente digno e belo e as características da exclusiva entrega, da aliança das pessoas e da comunhão autêntica, a exemplo do Mistério trinitário.
 

terça-feira, 17 de março de 2009

Evangelho do Dia 17/03/2009

Evangelho
S. Mateus 18,21-35.

Então, Pedro aproximou-se e perguntou-lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Por isso, o Reino do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. Logo ao princípio, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos os seus bens, a fim de pagar a dívida. O servo lançou-se, então, aos seus pés, dizendo: 'Concede-me um prazo e tudo te pagarei.' Levado pela compaixão, o senhor daquele servo mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: 'Paga o que me deves!' O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: 'Concede-me um prazo que eu te pagarei.' Mas ele não concordou e mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto lhe devia. Ao verem o que tinha acontecido, os outros companheiros, contristados, foram contá-lo ao seu senhor. O senhor mandou-o, então, chamar e disse-lhe: 'Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque assim mo suplicaste; não devias também ter piedade do teu companheiro, como eu tive de ti?' E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos até que pagasse tudo o que devia. Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa
Diário, § 1570 (trad. Eds. Parole et dialogue 2002, p. 521)

«Não devias também ter piedade do teu companheiro, como Eu tive de ti?»

Ó Deus de grande misericórdia, Bondade infinita, eis que hoje a humanidade inteira clama, do abismo da sua miséria, pela Tua misericórdia, pela Tua piedade, ó Deus; e clama com a voz poderosa da miséria. Deus benevolente, não rejeites as orações dos que estão exilados nesta terra. Ó Senhor, Bondade inconcebível, Tu conheces a fundo a nossa miséria e sabes que não poderíamos, apenas com as nossas forças, elevar-nos até Ti. Por isso Te suplicamos, dá-nos Tu primeiro a Tua graça e aumenta sem cessar em nós a Tua misericórdia, para que cumpramos fielmente a Tua santa vontade ao longo de toda a nossa vida e também na hora da morte. Que a Tua misericórdia todo-poderosa nos proteja dos ataques dos inimigos da nossa salvação, a fim de que possamos esperar com confiança, como filhos Teus, a Tua última vinda, cujo dia só Tu conheces. Nós esperamos receber tudo o que Jesus nos prometeu, apesar de toda a nossa miséria, porque Jesus é a nossa esperança; através do Seu coração misericordioso passamos pelas portas abertas do céu.
 

segunda-feira, 16 de março de 2009

Evangelho do Dia 16/03/2009

Evangelho
S. Lucas 4,24-30.

Acrescentou, depois: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. Posso assegurar-vos, também, que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma viúva que vivia em Sarepta de Sídon. Havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão o sírio Naaman.» Ao ouvirem estas palavras, todos, na sinagoga, se encheram de furor. E, erguendo-se, lançaram-no fora da cidade e levaram-no ao cimo do monte sobre o qual a cidade estava edificada, a fim de o precipitarem dali abaixo. Mas, passando pelo meio deles, Jesus seguiu-o seu caminho.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja
Dos Sacramentos, 1 (trad. Brésard 2000 ans C, p. 244 rev.)

A Quaresma conduz ao batismo

Aproximaste-te, viste a pia batismal e viste também o bispo perto da pia. E sem dúvida surgiu na tua alma o mesmo pensamento que se insinuou na de Naaman, o sírio. Pois, embora tenha sido purificado, inicialmente ele duvidara. [...] Temo que alguém tenha dito: «É apenas isto?» Sim, realmente é apenas isto: ali encontra-se toda a inocência, toda a piedade, toda a graça, toda a santidade. Viste o que conseguiste ver com os olhos do corpo [...]; aquilo que não se vê é muito maior [...], porque aquilo que não se vê é eterno [...]. Que haverá de mais surpreendente do que a travessia do Mar Vermelho pelos israelitas, para não falarmos agora apenas do batismo? E, no entanto, todos os que o atravessaram morreram no deserto. Pelo contrário, aquele que atravessa a pia batismal, isto é, aquele que passa dos bens terrestres para os do céu [...], não morre, mas ressuscita.

Naaman era leproso. [...] Ao vê-lo chegar, o profeta disse-lhe: «Vai, entra no Jordão, banha-te e ficarás curado.» Ele pôs-se a refletir em si mesmo e disse para consigo: «É apenas isto? Vim da Síria à Judeia e disseram-me: vai até ao Jordão, banha-te e ficarás curado. Como se não houvesse rios melhores no meu país!» Os servos diziam-lhe: «Senhor, por que não fazes o que diz o profeta? Fá-lo, experimenta.» Então ele foi até ao Jordão, banhou-se e ficou curado.

Que significa isto? Viste a água, mas nem toda a água cura; mas a água que contém em si a graça de Cristo cura. Há uma diferença entre o elemento e a santificação, entre o ato e a eficácia. O ato realiza-se com água, mas a eficácia vem do Espírito Santo. A água não cura se o Espírito Santo não tiver descido e consagrado aquela água. Leste que quando nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o rito do batismo, veio ter com João e este disse-Lhe: «Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti. E Tu vens até mim?» (Mt 3,14). [...] Cristo desceu; João, que batizava, estava a Seu lado; e eis que, como uma pomba, o Espírito Santo desceu. [...] Por que desceu Cristo primeiro e em seguida o Espírito Santo? Por que razão? Para que o Senhor não parecesse ter necessidade do sacramento da santificação: é Ele que santifica; e é também o Espírito que santifica.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Evangelho do Dia 13/03/2009

Evangelho
S. Mateus 21,33-43.45-46.

«Escutai outra parábola: Um chefe de família plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, construiu uma torre, arrendou-a a uns vinhateiros e ausentou-se para longe. Quando chegou a época das vindimas, enviou os seus servos aos vinhateiros, para receberem os frutos que lhe pertenciam. Os vinhateiros, porém, apoderaram-se dos servos, bateram num, mataram outro e apedrejaram o terceiro. Tornou a mandar outros servos, mais numerosos do que os primeiros, e trataram-nos da mesma forma. Finalmente, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: 'Hão-de respeitar o meu filho.' Mas os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Matemo-lo e ficaremos com a sua herança.' E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Ora bem, quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Eles responderam-lhe: «Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida.» Jesus disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram transformou-se em pedra angular? Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos? Por isso vos digo: O Reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a um povo que produzirá os seus frutos. Os sumos sacerdotes e os fariseus, ao ouvirem as suas parábolas, compreenderam que eram eles os visados. Embora procurassem meio de o prender, temeram o povo, que o considerava profeta.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São Lucas 9, 29-30 (trad. Véricel, L'Evangile commenté, p. 290 rev. ; cf SC 52, p. 150)

A parábola da vinha

A vinha é o nosso símbolo, porque o povo de Deus eleva-se acima da terra enraizado na cepa da vinha eterna (Jo 15, 5). Fruto de um solo ingrato, a vinha pode desenvolver-se e florescer, ou revestir-se de verdura, ou assemelhar-se ao jugo amável da cruz, quando cresce e os seus braços estendidos são os sarmentos de uma videira fecunda. [...] É, pois, com razão que chamamos vinha ao povo de Cristo, quer porque ele traça na testa o sinal da cruz (Ez 9, 4), quer porque os frutos da vinha são recolhidos na última estação do ano, quer porque, tal como acontece aos ramos da videira, pobres e ricos, humildes e poderosos, servos e senhores, todos são, na Igreja, de uma igualdade completa. [...]

Quando é ligada, a vinha endireita-se; se é podada, não é para a diminuir, mas para fazê-la crescer. E o mesmo se passa com o povo santo: quando é preso, liberta-se; quando é humilhado, eleva-se; quando é cortado, é uma coroa que lhe é dada. Melhor ainda: tal como o rebento que é retirado de uma árvore velha e enxertado noutra raiz, assim também este povo santo [...] vem a desenvolver-se quando é alimentado na árvore da cruz [...]. E o Espírito Santo, como que expandindo-Se nos sulcos de um terreno, derrama-Se sobre o nosso corpo, lavando tudo o que é imundo e limpando-nos os membros, para os dirigir para o céu.

O Vinhateiro tem por costume mondar esta vinha, ligá-la e apará-la (Jo 15, 2). [...] Ora inunda de sol os segredos do nosso corpo, ora os rega com a chuva. Gosta de mondar o terreno, para que os espinheiros não perturbem os rebentos; e vela para que as folhas não façam demasiada sombra [...], privando-nos de luz as virtudes e impedindo os frutos de amadurecer.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Evangelho do Dia 12/03/2009

Evangelho
S. Lucas 16,19-31.

«Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes. Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas. Bem desejava ele saciar-se com o que caía da mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas. Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio. Então, ergueu a voz e disse: 'Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.' Abraão respondeu-lhe: 'Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, entre nós e vós há um grande abismo, de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão pouco vir daí para junto de nós.' O rico insistiu: 'Peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos; que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.' Disse lhe Abraão: 'Têm Moisés e os Profetas; que os ouçam!' Replicou-lhe ele: 'Não, pai Abraão; se algum dos mortos for ter com eles, hão-de arrepender-se.' Abraão respondeu-lhe: 'Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos.'»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, Doutor da Igreja
Sermão 122, sobre o rico e Lázaro

«O rico viu de longe Abraão com Lázaro no seu seio»

«Abraão era muito rico», diz-nos a Escritura (Gn 13, 2). [...] Abraão, meus irmãos, não era rico devido a si próprio, mas devido aos pobres; em vez de guardar para si a sua fortuna, propôs-se partilhá-la. [...] Este homem, ele próprio estrangeiro, não cessou de tudo fazer para que o estrangeiro deixasse de se sentir estrangeiro. Vivendo dentro da tenda, não podia suportar que alguém passasse sem abrigo. Perpétuo viajante, acolhia sempre os hóspedes que apareciam. [...] Em vez de repousar sobre a generosidade de Deus, sabia-se chamado a reparti-la: usava-a para defender os oprimidos, para libertar os prisioneiros, ou mesmo para arrancar ao seu destino homens que iam morrer (Gn 14, 14). [...] Na presença do estrangeiro que recebe (Gn 18, 1ss.), Abraão não se senta, permanece de pé. Não é conviva do seu hóspede, faz-se seu servidor; esquece que na sua casa é ele o senhor, traz ele próprio o alimento e, preocupado com uma preparação cuidada, pede ajuda à sua mulher. Para si próprio, entrega-se inteiramente aos seus empregados, mas para o estrangeiro que recebe, pensa que vale a pena confiá-lo à sabedoria da sua esposa.

Que direi ainda, meus irmãos? É uma delicadeza tão perfeita... que atraiu o próprio Deus para a casa de Abraão, que O forçou a ser seu hóspede. Assim veio a Abraão, repouso dos pobres, refúgio dos estrangeiros, Aquele que, mais tarde, haveria de dizer-Se acolhido na pessoa do pobre e do estrangeiro: «Tive fome, disse Ele, e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; fui estrangeiro e recebestes-Me» (Mt 25, 35).

E lemos ainda no Evangelho: «O pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão». Não é natural, meus irmãos, que Abraão, até no seu repouso, acolha todos os santos, e que até na sua beatitude se ocupe do seu serviço de hospitalidade? [...] Sem dúvida alguma, não se poderia sentir plenamente feliz se, mesmo na glória, não continuasse a exercer o seu ministério de partilha.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Evangelho do Dia 11/03/2009

Evangelho
S. Mateus 20,17-28.

Ao subir a Jerusalém, pelo caminho, chamou à parte os Doze e disse-lhes: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão condenar à morte. Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.» Aproximou-se então de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante dele para lhe fazer um pedido. «Que queres?» perguntou-lhe Ele. Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.» Jesus retorquiu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Eles responderam: «Podemos.» Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado.» Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer se grande, seja o vosso servo; e quem, no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja.
Discursos sobre os Salmos, Sl 126

«Todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado» (Lc 18,14)

«De nada vos serve levantar muito cedo» diz o Salmo (126, 2) [...]. Assim eram os filhos de Zebedeu que, antes de terem suportado a humilhação, à semelhança do Senhor na Sua Paixão, já tinham escolhido os respectivos lugares: um à Sua esquerda e outro à Sua direita. Queriam «levantar-se antes da Luz». [...] Pedro também se levantou antes da Luz, quando deu ao Senhor o conselho de não sofrer por nós. De fato, o Senhor tinha falado da Sua Paixão e das humilhações que sofreria para nos salvar, e Pedro, que anteriormente tinha confessado que Jesus era o Filho de Deus, foi tomado de horror pela ideia da Sua morte e disse-Lhe: «Deus te livre, Senhor! Isso nunca te há-de acontecer!» (cf. Mt 16,22) Queria levantar-se antes da Aurora, dar conselhos à Luz. Mas que fez o Senhor? Fê-lo levantar-se depois da Luz dizendo-lhe: «Afasta-se Satanás!» [...] «Passa para trás para que Eu vá à tua frente e tu Me sigas. Vem após Mim, em vez de tentares mostrar-Me o caminho pelo qual queres seguir». [...]

Porque quereis então, filhos de Zebedeu, levantar-vos antes do Dia? Eis a questão que temos de lhes colocar; não ficarão irritados porque estas coisas estão escritas a respeito deles, a fim de que nós saibamos preservar-nos do orgulho em que eles caíram. Para quê querer levantar-se antes do Dia? É um esforço vão. Quereis exaltar-vos antes de serdes humilhados? O vosso Senhor, que é a vossa Luz, humilhou-Se a Si próprio para ser exaltado. Escutai o que diz Paulo: «Ele, que era de condição divina, não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus; mas despojou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-Se semelhante aos homens, tido pelo aspecto como homem, humilhou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus O exaltou.» (Fil 2, 6-9)

terça-feira, 10 de março de 2009

Evangelho do Dia 10/03/2009

Evangelho
S. Mateus 23,1-12.

Então, Jesus falou assim à multidão e aos seus discípulos: «Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. Fazei, pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar. Tudo o que fazem é com o fim de se tornarem notados pelos homens. Por isso, alargam as filactérias e alongam as orlas dos seus mantos. Gostam de ocupar o primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas. Gostam das saudações nas praças públicas e de serem chamados 'mestres' pelos homens. Quanto a vós, não vos deixeis tratar por 'mestres', pois um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. E, na terra, a ninguém chameis 'Pai', porque um só é o vosso 'Pai': aquele que está no Céu. Nem permitais que vos tratem por 'doutores', porque um só é o vosso 'Doutor': Cristo. O maior de entre vós será o vosso servo. Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Macário (?-405), monge no Egipto
Terceira Homilia, 1-3; PG 34, 467-470 (a partir da trad. Orval)

A vida comunitária : «Vós sois todos irmãos»

Independentemente das funções que tiverem, os irmãos devem mostrar-se caridosos e alegres uns para com os outros. O que trabalha falará assim do que reza: «O tesouro que o meu irmão possui também eu o tenho, pois é-nos comum.» Por seu lado, o que reza dirá do que lê: «O benefício que ele tira da leitura enriquece-me a mim também». E o que trabalha dirá ainda: «É no interesse da comunidade que eu cumpro este serviço».

Os muitos membros do corpo formam um só corpo, e mutuamente se amparam, cumprindo cada um a sua tarefa. O olho vê por todo o corpo; a mão trabalha pelos outros membros; o pé, ao caminhar, a todos leva; e cada membro sofrerá desde que um outro esteja a sofrer. Eis como os irmãos se devem comportar uns para com os outros (cf. Rm 12, 4-5). O que reza não julgará o que trabalha por este não rezar. O que trabalha não julgará o que reza [...]. O que serve não julgará os outros. Pelo contrário, cada um deles, seja o que for que faça, agirá para a glória de Deus (cf. 1Co 10,31; 2Co 4,15) [...].

Assim, grande concórdia e serena harmonia formarão «o vínculo da paz» (Ef 4,3), que os unirá entre si e os fará viver com transparência e simplicidade, sob o olhar benevolente de Deus. O essencial, evidentemente, é perseverar na oração. Aliás, uma coisa só é requerida: cada um deve possuir em seu coração esse tesouro que é a presença viva e espiritual do Senhor. Quer trabalhe, quer ore ou leia, deve cada um poder pensar intimamente que está de posse desse bem indestrutível que é o Espírito Santo.
 

segunda-feira, 9 de março de 2009

Evangelho do Dia 09/03/2009

Evangelho
S. Lucas 6,36-38.

Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.» «Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Clemente de Roma, Papa entre os anos 90 e 100, aproximadamente
Carta aos Coríntios, 49-50 (trad. AELF rev.)

«Sede misericordiosos como o vosso Pai»

Quem tem amor em Cristo, cumpra os mandamentos de Cristo. Quem poderá explicar em que consiste o vínculo do amor de Deus? Quem será capaz de exprimir a grandiosidade de sua beleza? As alturas aonde o amor nos conduz são indizíveis. O amor une-nos a Deus; ele «cobre uma multidão de pecados» (1Ped 4,8). [...] Foi no amor que o Senhor nos fez vir até Si. Foi por causa de Seu amor por nós, que Jesus Cristo Nosso Senhor deu o Seu sangue por nós, segundo o desígnio de Deus, oferecendo a Sua carne pela nossa carne, a Sua vida pelas nossas vidas.

Vede, caríssimos, como o amor é qualquer coisa de grandioso e admirável; é impossível explicar a sua perfeição. Quem poderá alcançá-lo, senão aqueles que Deus tornou dignos disso? Rezemos, portanto, e supliquemos a sua misericórdia, a fim de nos encontramos no amor, sem fazer acepção de pessoas, irrepreensíveis. Desde Adão até aos nossos dias, todas as gerações desapareceram; mas aqueles que, pela graça de Deus, se tornaram perfeitos no amor permanecem no lugar dos santos, que se tornarão manifestos quando Cristo aparecer no seu Reino. [...]

Somos felizes, caríssimos, se praticamos os mandamentos de Deus na concórdia que vem do amor, a fim de que, pelo amor, os nossos pecados sejam perdoados.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Evangelho do Dia 05/03/2009

Evangelho
S. Mateus 7,7-12.

«Pedi, e ser-vos-á dado; procurai, e encontrareis; batei, e hão-de abrir-vos. Pois, quem pede, recebe; e quem procura, encontra; e ao que bate, hão-de abrir. Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Ora bem, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está no Céu dará coisas boas àqueles que lhas pedirem.» «Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]
Retiro pregado ao Vaticano, 1983

«Meu Senhor, meu único rei, assisti-me no meu desamparo, porque não tenho outro socorro senão Vós» (Est 14, 3)

No Evangelho, Jesus convida-nos à oração: «pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á». Estas palavras de Jesus são preciosíssimas, porque exprimem a verdadeira relação entre Deus e o homem, e porque respondem a um problema fundamental de toda a história das religiões e da nossa vida pessoal: será justo e bom pedir alguma coisa a Deus? Ou a única resposta correspondente à transcendência e à grandeza de Deus consiste em glorificá-Lo, adorá-Lo, dar-Lhe graças, numa oração que será por conseguinte desapegada? [...] 

Jesus ignora este receio. Jesus não ensina uma religião para elites, totalmente desinteressada. A ideia de Deus que Jesus nos ensina é diferente: o seu Deus é muito humano; esse Deus é bom e poderoso. A religião de Jesus é muito humana, muito simples, é a religião dos simples: «Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25). Os pequeninos, os que têm necessidade da ajuda de Deus e o dizem, compreendem muito melhor a verdade do que os inteligentes que, recusando a oração de súplica e aceitando apenas o louvor desinteressado de Deus, constroem uma auto-suficiência do homem que não corresponde à sua indigência, tal como é expressa nas palavras de Ester: «Assisti-me no meu desamparo» (Est 14, 3). Por detrás desta nobre atitude que não quer incomodar Deus com os nossos pequenos males, esconde-se a seguinte dúvida: terá Deus o poder de responder às realidades da nossa vida, poderá Deus mudar as nossas situações e entrar na realidade da nossa vida terrestre? [...]

Se Deus não actua, se ele não tem poder sobre os acontecimentos concretos da nossa vida, como é que continua a ser Deus? E se Deus é amor, o amor não encontrará uma possibilidade de responder à esperança daquele que ama? Se Deus é amor, e se Ele não pudesse ajudar-nos na nossa vida concreta, o amor não seria o poder maior deste mundo.

terça-feira, 3 de março de 2009

Evangelho do Dia 03/03/2009

Evangelho
S. Mateus 6,7-15.

Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lho pedirdes.» «Rezai, pois, assim:'Pai nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino; faça-se a tua vontade, como no Céu, assim também na terra. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia; perdoa as nossas ofensas, como nós perdoámos a quem nos tem ofendido; e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do Mal.' Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São João da Cruz (1542-1591), carmelita, Doutor da Igreja
A Subida do Carmelo III, 43/44 (trad. cf. Ed. Seuil 1947, p. 462 e OC, Ed. Cerf 1990, p. 895)

«Rezai, pois, assim»

De tudo o que diz respeito à oração e a exercícios de devoção, detenhamo-nos apenas nos ritos, ou maneiras de rezar, ensinados por Cristo. É evidente que, quando os discípulos pediram a Nosso Senhor que os ensinasse a rezar (Lc 11, 1), Ele disse-lhes certamente tudo o que era necessário para serem atendidos pelo Pai eterno, cuja vontade conhecia perfeitamente. Ora, não lhes ensinou senão os sete pedidos do Pai Nosso, no qual está contida a expressão de todas as nossas necessidades corporais e espirituais. Não lhes ensinou uma quantidade de orações e de cerimónias; pelo contrário, disse-lhes noutra ocasião que não multiplicassem as palavras, ao rezar, porque o nosso Pai do Céu sabe muito bem aquilo de que temos necessidade.

A única coisa que lhes recomendou, com a mais viva insistência, foi que perseverassem na oração, ou seja, na recitação do Pai Nosso. Porque também disse: «É necessário rezar sempre e nunca se cansar» (Lc 18, 1). Assim, Ele não nos ensinou a multiplicar os pedidos, mas a tornar a fazê-los, muitas vezes, com fervor e atenção. Porque, repito, estes pedidos do Pai Nosso encerram tudo o que está de acordo com a vontade de Deus e tudo o que nos é útil. Aí está por que razão, quando o Mestre divino por três vezes Se dirigiu ao Pai eterno, em cada uma delas repetiu as mesmas palavras do Pai Nosso, como reportam os Evangelistas: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade!» (Mt 26, 42).

Quanto aos ritos que devemos seguir na oração, Cristo deu-nos apenas dois: ou «entrar no quarto mais secreto» (Mt 6, 6); ali, longe de todo o ruído e com toda a liberdade, podemos rezar com um coração mais puro e mais despreocupado [...]. Ou então procurar locais solitários, como Ele próprio fazia, para aí orar nas horas mais favoráveis e mais silenciosas da noite (Lc 6, 12).
 

segunda-feira, 2 de março de 2009

Evangelho do Dia 02/03/2009

Evangelho
S. Mateus 25,31-46.

«Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. O Rei dirá, então, aos da sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.' Então, os justos vão responder-lhe: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?' E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: 'Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.' Em seguida dirá aos da esquerda: 'Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.' Por sua vez, eles perguntarão: 'Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?' Ele responderá, então: 'Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.' Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São César de Arles (470-543), monge e bispo
Sermão 25 (trad. SC 243, p. 75)

«Vinde, benditos de meu Pai, recebei em herança o reino que vos está preparado»

Se prestarmos bem atenção, irmãos, o fato de Cristo sentir a fome dos pobres é-nos favorável. [...] Olhai: de um lado, é uma moeda, do outro é o Reino. Qual a comparação? Tu dás uma moeda ao pobre e de Cristo recebes o Reino; tu dás um pedaço de pão e de Cristo recebes a vida eterna; tu dás abrigo e de Cristo recebes a remissão teus pecados.

Então, não desprezemos os pobres, mas desejemo-los e sobretudo apressemo-nos a tomar-lhes a dianteira, porque a miséria dos pobres é o medicamento dos ricos, como disse o próprio Senhor: «Antes, dai de esmola o que está dentro, e para vós tudo ficará limpo», e ainda: «Vendei os vossos bens e dai-os de esmola» (Lc 11, 41; 12, 33). E o Espírito Santo proclama através profeta: «A água apaga o fogo ardente, e a esmola expia o pecado» (Sir 3,30). [...] Tenhamos pois misericórdia, irmãos, e com a ajuda de Cristo, seguremos o vínculo da Sua garantia, sobretudo daquela que vos recordei, quando Ele diz: «Dai e dar-se-vos-á» (Lc 6, 38); e ainda: «Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5,7).

Que cada um se aplique, de acordo com os seus meios, em não vir à igreja de mãos vazias: aquele que deseja receber deve efetivamente oferecer alguma coisa. Aquele que pode cubra o pobre com uma veste nova; aquele que não pode ofereça ao menos uma velha. Quanto àquele que julga não ter o suficiente, que ofereça um pedaço de pão, que acolha um viajante, que prepare um leito, que lhe lave os pés, para merecer ouvir Cristo dizer-lhe: «Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino; tive fome e destes-Me de comer; era peregrino e recolhestes-Me». Ninguém, irmãos muito queridos, poderá desculpar-se de não dar esmola, quando Cristo prometeu dar uma recompensa em troca de um copo de água fresca (Mt 10, 42).
 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 27/02/2009

Evangelho
S. Mateus 9,14-15.

Depois, foram ter com Ele os discípulos de João, dizendo: «Porque é que nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?» Jesus respondeu-lhes: «Porventura podem os convidados para as núpcias estar tristes, enquanto o esposo está com eles? Porém, hão-de vir dias em que lhes será tirado o esposo e, então, hão-de jejuar.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

S. Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, Doutor da Igreja
Homilia sobre a oração, o jejum e a esmola; PL 52, 320 (trad. Breviário)

«Qual é o jejum que Me agrada? [...] Não é partilhares o teu pão com quem tem fome?» (Is 58, 6-7)

Quem pratica o jejum deve compreender o jejum: deve simpatizar com o homem que tem fome se quer que Deus simpatize com a sua própria fome; deve ser misericordioso se espera obter misericórdia. [...] O que perdemos pela desatenção, devemos conquistá-lo pelo jejum; imolemos as nossas vidas pelo jejum, porque não há nada mais importante que possamos oferecer a Deus, como prova o profeta quando diz: «O sacrifício que agrada a Deus é um espírito contrito; Deus não desprezará um espírito humilhado e contrito» (Sl 50, 19). Oferece pois a tua vida a Deus, oferece a oblação do jejum para que tenhas aí uma oferta pura, um sacrifício santo, uma vítima viva que inste em teu favor. [...]

Mas, para que estes dons sejam agradáveis, é preciso que venha em seguida a misericórdia. O jejum não dá fruto se não for regado pela misericórdia; o jejum torna-se menos árido pela misericórdia; o que a chuva é para a terra, é a misericórdia para o jejum. Quem jejua pode cultivar o coração, purificar a carne, arrancar os vícios, semear as virtudes; mas, se não verter ondas da misericórdia, não recolhe frutos.

Ó tu que jejuas, o teu campo jejuará também se for privado da misericórdia; ó tu que jejuas, o que espalhas pela tua misericórdia refletir-se-á na tua granja. Para não desperdiçares pela avareza, recolhe pela generosidade. Dando ao pobre, dás a ti próprio; porque aquilo que não entregas a outrem, não o terás.
 
 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 26/02/2009

Evangelho
S. Lucas 9,22-25.

Naquele tempo disse Jesus: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.» Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me. Pois, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê la; mas, quem perder a sua vida por minha causa há-de salvá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, perdendo-se ou condenando-se a si mesmo?

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
Something Beautiful for God (trad. La Joie du don, p. 64 rev.)

«Tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me»

Senhor, que a tua crucifixão e ressurreição nos ensinem a enfrentar as lutas da vida quotidiana e a sofrer aí a angústia da morte, para que vivamos em maior e mais criativa plenitude. Com humildade e paciência aceitaste os reveses da vida humana, como os sofrimentos da tua crucifixão. Ajuda-nos a aceitar as dificuldades e as lutas de cada dia como ocasiões para crescermos e para nos tornarmos semelhantes a Ti. Torna-nos capazes de as enfrentar com paciência e coragem, com plena confiança na Tua proteção. Faz-nos compreender que só chegaremos à plenitude da vida pela contínua aniquilação de nós próprios e dos nossos desejos egoístas, porque só morrendo conTigo podemos conTigo ressuscitar.
 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 20/02/2009

Evangelho
S. Marcos 8,34-38.9,1.

Chamando a si a multidão, juntamente com os discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Ou que pode o homem dar em troca da sua vida? Pois quem se envergonhar de mim e das minhas palavras entre esta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos anjos.» Disse-lhes também: «Em verdade vos digo que alguns dos aqui presentes não experimentarão a morte sem terem visto o Reino de Deus chegar em todo o seu poder.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Leão Magno (? – c. 461), Papa e Doutor da Igreja
8ª Homilia sobre a Paixão

«Tome a sua cruz e siga-Me»

O Senhor foi entregue aos que O odeiam. Para insultar a sua dignidade real, obrigam-No a transportar Ele próprio o instrumento do Seu suplício. Assim se cumpria o oráculo do profeta Isaías: «Ele recebeu sobre os Seus ombros a insígnia do poder» (Is 9,5). Transportar assim a cruz, aquela cruz que Ele iria transformar em ceptro da Sua força, era certamente, aos olhos dos ímpios, um grande motivo de zombaria, mas para os fiéis foi um mistério espantoso: o glorioso vencedor do demónio, o todo-poderoso adversário das forças do mal, exibia aos Seus ombros, para adoração de todos os povos e com uma paciência invencível, o troféu da Sua vitória, o sinal da salvação. E através da imagem que Ele dá com este gesto, dir-se-ia que queria fortalecer todos aqueles que O imitarão, todos aqueles a quem dissera: «Aquele que não toma a sua cruz e não Me segue não é digno de Mim» (Mt 10,30).

Como a multidão acompanhasse Jesus até ao local do suplício, encontraram um certo Simão de Cirene e fizeram passar a cruz dos ombros do Senhor para os seus. Este gesto prefigurava a fé das nações, para quem a cruz de Cristo iria tornar-se, não um opróbrio, mas uma glória.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 19/02/2009

Evangelho
S. Marcos 8,27-33.

Jesus partiu com os discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe. No caminho, fez aos discípulos esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?» Disseram-lhe: «João Baptista; outros, Elias; e outros, que és um dos profetas.» «E vós, quem dizeis que Eu sou?» perguntou-lhes. Pedro tomou a palavra, e disse: «Tu és o Messias.» Ordenou-lhes, então, que não dissessem isto a ninguém. Começou, depois, a ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias. E dizia claramente estas coisas. Pedro, desviando-se com Ele um pouco, começou a repreendê-lo. Mas Jesus, voltando-se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo-lhe: «Vai-te da minha frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja
Catequese baptismal n° 13, 3.6.23 (trad. breviário)

«Pedro, desviando-se com Ele um pouco, começou a repreendê-Lo.»

Não devemos ter vergonha da cruz do Salvador, mas devemos gloriar-nos nela. «A linguagem da cruz é escândalo para os judeus, loucura para os gentios», mas para nós é salvação. É loucura para os que se perdem, e poder de Deus para os que se salvam (1Cor 1, 18-24). Não foi apenas um homem que morreu, mas o Filho de Deus, Deus feito homem. No tempo de Moisés, o cordeiro afastou o anjo exterminador (Ex 12, 23); pois muito mais «o Cordeiro de Deus que vai tirar o pecado do mundo» (Jo 1, 29) nos libertou dos nossos pecados. [...]

Não foi obrigado que Ele deixou a vida, não foi pela força que foi imolado, mas pela Sua própria vontade. Escutai o que nos diz: «Tenho poder para a dar e para tornar a tomá-la» (Jo 10, 18). [...] Entregou-Se deliberadamente à sua Paixão, feliz pela Sua entrega, sorrindo ao Seu triunfo, contente por salvar os homens. Não teve vergonha da cruz, porque salvava a terra inteira. Não era um pobre homem que sofria, mas Deus feito homem que ia combater para obter o preço da paciência. [...]

Não te regozijes da cruz somente em tempos de paz; guarda a mesma fé em tempos de perseguição; não sejas amigo de Jesus apenas em tempos de paz, para te tornares Seu inimigo em tempos de guerra. Recebes agora o perdão dos teus pecados e os dons espirituais prodigalizados pelo teu rei; quando eclodir a guerra, combate com bravura pelo teu rei. Jesus foi crucificado por ti, Ele que não tinha pecado. [...] Não foste tu que Lhe deste esta graça, porque recebeste-a primeiro. Mas dá graças Àquele que pagou a tua dívida sendo crucificado por ti no Gólgota.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 18/02/2009

Evangelho
S. Marcos 8,22-26.

Chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe um cego, pedindo-lhe que o tocasse. Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou: «Vês alguma coisa?» Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar.» Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos e ele viu perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez. Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Nem sequer entres na aldeia.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Homilia atribuída a São Fulgêncio de Ruspe (467-532), bispo
(trad. em Kephas, Fayard, t. 2, p. 172 rev)

«Jesus impôs as mãos sobre os olhos do cego»

O espelho projeta; o espelho apaga. Com efeito, Aquele que, «vindo ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo passa enquanto imagem do Pai (Heb 1, 3) e afasta a cegueira dos olhos dos que não vêem. Este Cristo que veio do céu passa, a fim de que todo o homem O veja, de acordo com a palavra profética do velho Simeão, que recebeu o Verbo recém-nascido nos seus braços e O contemplou com alegria, dizendo: «Agora, Senhor, podes deixar ir o teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra porque os meus olhos viram a Salvação» (Lc 2, 29-30).

Só, o cego não podia ver Cristo, espelho do Pai. Qual era então a fidelidade d'Aquele que os profetas tinham anunciado: «Então se abrirão os olhos do cego e se desimpedirão os ouvidos do surdo, o coxo saltará como um veado e a língua do mudo dará gritos de alegria»? (Is 35, 5-6) Cristo abriu os olhos ao cego, que viu em Cristo o espelho do Pai. Maravilhoso remédio contra a natureza! [...]

O primeiro homem foi criado luminoso, tornando-se cego quando se abandonou à serpente: este cego tornou a nascer quando voltou a acreditar. Porque o seu corpo era fraco, mas a sua natureza também estava corrompida. Necessitava duplamente da Luz. [...] O artífice, o seu Criador, passou e reflectiu no espelho esta imagem do homem caído, vendo a miséria do cego. Milagre do poder de Deus, que cura quem encontra e ilumina quem visita.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 17/02/2009

Evangelho
S. Marcos 8,14-21.

Os discípulos tinham-se esquecido de levar pães e só traziam um pão no barco. Jesus começou a avisá-los, dizendo: «Olhai: tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes.» E eles discorriam entre si: «Não temos pão.» Mas Ele, percebendo-o, disse: «Porque estais a discorrer que não tendes pão? Ainda não entendestes nem compreendestes? Tendes o vosso coração endurecido? Tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis? E não vos lembrais de quantos cestos cheios de pedaços recolhestes, quando parti os cinco pães para aqueles cinco mil?» Responderam: «Doze.» «E quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de bocados recolhestes?» Responderam: «Sete.» Disse-lhes então: «Ainda não compreendeis?»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santo Anselmo (1033-1109), monge, bispo, Doutor da Igreja

«Não vedes? Ainda não compreendeis?»

Não consigo ver a tua luz: é demasiado brilhante para a minha vista. E no entanto, tudo o que vejo é graças à Tua luz que o distingo, como os nossos olhos frágeis vêem, graças ao sol, tudo o que avistam, sem no entanto conseguirem olhar directamente para o sol.

A minha inteligência fica impotente perante a Tua luz, que é demasiado brilhante. Os olhos da minha alma são incapazes de a receber, não suportando sequer ficar muito tempo fixos nela. O meu olhar fica ferido pelo seu brilho, ultrapassado pela sua extensão; perde-se na sua imensidão e fica confundido perante a sua profundidade.

Ó luz soberana e inacessível! Verdade total e feliz! Quão longe estás de mim, e no entanto eu estou tão perto de Ti! Tu escapas quase inteiramente à minha vista, enquanto que eu estou inteiramente debaixo da Tua vista. Por todo o lado irradia a plenitude da Tua presença, e eu não consigo ver-Te. É em Ti que ajo e que tenho a minha existência; no entanto, não consigo chegar a Ti. Tu estás em mim, Tu és tudo ao meu redor; no entanto, não consigo alcançar-Te com a vista.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 16/02/2009

Evangelho
S. Marcos 8,11-13.

Apareceram os fariseus e começaram a discutir com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu para o pôr à prova. Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: sinal algum será concedido a esta geração.» E, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Santo Hilário (v. 315-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja
A Santíssima Trindade, livro 12, 52-53 (trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, Mediaspaul 1988, t. 1, p. 19)

«Por que pede esta geração um sinal?»

Pai Santo, Deus Todo Poderoso [...], quando levanto para o Teu céu a fraca luz dos meus olhos, posso duvidar de que é o Teu céu? Quando contemplo o caminho das estrelas, o seu regresso no ciclo anual, quando vejo as Plêiades, a Ursa Menor e a Estrela da Manhã e considero como cada uma brilha no lugar que lhe foi assinalado, compreendo, ó Deus, que Tu estás aí, nesses astros que eu não compreendo. Quando vejo «as belas ondas do mar» (Sl 92,4), não compreendo a origem dessas águas, não compreendo sequer o que põe em movimento os seus fluxos e refluxos regulares, e no entanto, creio que existe uma causa – certamente impenetrável para mim – para estas realidades que ignoro, e também aí eu pressinto a Tua presença.

Se volto o meu espírito para a terra, que, pelo dinamismo das forças escondidas, decompõe todas as sementes que acolheu no seu seio, as faz germinar lentamente e as multiplica, e depois lhes permite crescerem, não encontro nada que possa compreender com a minha inteligência; mas esta ignorância ajuda-me a discernir-Te a Ti, porque, se não conheço a natureza posta ao meu serviço, reencontro-Te, no entanto, pelo fato de ela estar lá para minha utilização.

Se me volto para mim, a experiência diz-me que não me conheço a mim próprio e admiro-Te tanto mais quanto sou para mim um desconhecido. De fato, mesmo que não os possa compreender, tenho a experiência dos movimentos do meu espírito que julga, destas operações, da sua vida, e esta experiência a Ti a devo, a Ti que me deste a partilhar esta natureza sensível que faz a minha felicidade, mesmo que a sua origem esteja para além da minha inteligência. Eu não me conheço a mim próprio, mas dentro de mim encontro-Te e, ao encontrar-Te, adoro-Te.
 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Dica de Formação Espiritual

O Pe. Paulo Ricardo, reitor do Seminário de Cuiabá, pregou um Curso sobre "Terapia das Doenças Espirituais" baseado na doutrina dos Santos Padres, base da Tradição Católica e também em psicólogos modernos.
 
O curso é muito interessante e está disponível para ouvir "on-line" ou para "download" no site do padre. São 18 palestras!
 
Segue o link:
 
 
Betto Lima
Campo Grande - MS

Evangelho do Dia 13/02/2009

Evangelho
S. Marcos 7,31-37.

Tornando a sair da região de Tiro, veio por Sídon para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-lhe um surdo tartamudo e rogaram-lhe que impusesse as mãos sobre ele. Afastando-se com ele da multidão, Jesus meteu-lhe os dedos nos ouvidos e fez saliva com que lhe tocou a língua. Erguendo depois os olhos ao céu, suspirou dizendo: «Effathá», que quer dizer «abre-te.» Logo os ouvidos se lhe abriram, soltou-se a prisão da língua e falava correctamente. Jesus mandou-lhes que a ninguém revelassem o sucedido; mas quanto mais lho recomendava, mais eles o apregoavam. No auge do assombro, diziam: «Faz tudo bem feito: faz ouvir os surdos e falar os mudos.»

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

Concílio Vaticano II
«Gaudium et Spes», Constituição Dogmática sobre a Igreja no mundo actual, §§ 19-21

Alguns permanecem surdos aos apelos de Deus

A razão mais sublime da dignidade do homem consiste na sua vocação à união com Deus. É desde o começo da sua existência que o homem é convidado a dialogar com Deus; pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele por amor constantemente conservado; nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e se entregar ao seu Criador. Porém, muitos dos nossos contemporâneos não atendem a esta íntima e vital ligação a Deus, ou até a rejeitam explicitamente; de tal maneira que o ateísmo deve ser considerado entre os factos mais graves do tempo actual. [...]

Enquanto alguns ateus negam expressamente Deus, outros pensam que o homem não pode afirmar seja o que for a Seu respeito; outros ainda, tratam o problema de Deus de tal maneira, que ele parece não ter significado. Muitos, ultrapassando indevidamente os limites das ciências positivas, ou pretendem explicar todas as coisas só com os recursos da ciência, ou, pelo contrário, já não admitem nenhuma verdade absoluta. [...] Outros concebem Deus de uma tal maneira, que aquilo que rejeitam não é de modo algum o Deus do Evangelho. Outros há que nem sequer abordam o problema de Deus: parecem alheios a qualquer inquietação religiosa e não percebem por que motivo se devem ainda preocupar com a religião. Além disso, o ateísmo nasce muitas vezes dum protesto violento contra o mal que existe no mundo. [...]

Não se deve passar em silêncio, entre as formas actuais de ateísmo, aquela que espera a libertação do homem sobretudo da sua libertação económica.

A Igreja [...], consciente da gravidade dos problemas levantados pelo ateísmo e levada pelo amor que tem a todos os homens, entende que eles devem ser objecto de um exame sério e profundo. A Igreja defende que o reconhecimento de Deus de modo algum se opõe à dignidade do homem, uma vez que esta dignidade se funda e se realiza no próprio Deus. Com efeito, o homem, ser inteligente e livre, foi constituído em sociedade por Deus Criador; mas é sobretudo chamado a unir-se a Deus como filho e a participar na Sua felicidade.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 12/02/2009

Evangelho
S. Marcos 7,24-30.

Partindo dali, Jesus foi para a região de Tiro e de Sídon. Entrou numa casa e não queria que ninguém o soubesse, mas não pôde passar despercebido, porque logo uma mulher que tinha uma filha possessa de um espírito maligno, ouvindo falar dele, veio lançar-se a seus pés. Era gentia, siro-fenícia de origem, e pedia-lhe que expulsasse da filha o demónio. Ele respondeu: «Deixa que os filhos comam primeiro, pois não está bem tomar o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos.» Mas ela replicou: «Dizes bem, Senhor; mas até os cachorrinhos comem debaixo da mesa as migalhas dos filhos.» Jesus disse: «Em atenção a essa palavra, vai; o demónio saiu de tua filha.» Ela voltou para casa e encontrou a menina recostada na cama. O demónio tinha-a deixado.

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Guigues de Chartres (1083-1136), Prior da Grande Cartuxa
Carta sobre a vida contemplativa, 6-7 (trad. Orval ; cf SC 163, p. 95)

«Ela veio lançar-se a Seus pés»

«Senhor, Tu que só os corações puros podem ver (Mt 5, 8), eu procuro, na leitura e na meditação, encontrar a verdadeira pureza do coração e a forma de a obter para poder, graças a ela, conhecer-Te, por pouco que seja. Procurei o Teu rosto, Senhor, procurei o Teu rosto (Sl 26, 8). Meditei muito dentro do meu coração, e um fogo se iluminou na minha meditação: o desejo de Te conhecer melhor. Quando Tu partes para mim o pão da Sagrada Escritura, eu reconheço-Te nessa fracção de pão (Lc 24, 30-35). E quanto melhor Te conheço, mais desejo conhecer-Te, não só no sentido do texto, mas no sabor da experiência.

Não o peço, Senhor, pelos meus méritos, mas por causa da Tua misericórdia. Devo confessar que sou, realmente, pecador e indigno, mas «mas até os cachorrinhos comem debaixo da mesa as migalhas dos filhos». Dá-me portanto, Senhor, em fiança pela herança futura, ao menos uma gota da chuva celeste para refrescar a minha sede, pois estou sequioso de amor. [...]»

É através deste tipo de discursos que a alma chama pelo seu Esposo. E o Senhor, que olha pelos justos e que não ouve apenas as suas preces mas está presente nessa oração, não espera pelo final. Ele interrompe o discurso a meio; aparece de repente, vem rapidamente ao encontro da alma que O deseja, fluindo no doce orvalho do céu como o perfume mais precioso. Ele recria a alma fatigada, alimenta a que tem fome, fortifica a sua fragilidade, reaviva-a mortificando-a através de um admirável esquecimento de si própria, torna-a sóbria ao enebriá-la.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 09/02/2009

Evangelho
S. Marcos 6,53-56.

Finda a travessia, aproximaram-se de Genesaré e aportaram. Assim que saíram do barco, reconheceram-no. Acorreram de toda aquela região e começaram a levar os doentes nos catres para o lugar onde sabiam que Ele se encontrava. Nas aldeias, cidades ou campos, onde quer que entrasse, colocavam os doentes nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar pelo menos as franjas das suas vestes. E quantos o tocavam ficavam curados.

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santa Teresa d'Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja
Exclamação 16 (trad. a partir de Auclair, Oeuvres, 1964, p. 534 e OC, Cerf, 1995, p. 892)

«E quantos O tocavam ficavam curados»

Ó Deus verdadeiro e Senhor meu! Para a alma afligida pela solidão em que vive na Tua ausência, é grande consolo saber que estás em toda a parte. Mas que sentido há nisto, Senhor, quando a força do amor e a impetuosidade desta pena aumentam, e o coração se atormenta, a tal ponto, que nem podemos já compreender nem conhecer tal verdade? A alma percebe apenas que está apartada de Ti, e nenhum remédio admite. Porque o coração que muito ama não consente outros conselhos nem consolos, senão os vindos d'Aquele que o feriu; d'Ele, somente, espera a cura para a pena.

Quando Tu queres, Senhor, depressa saras a ferida que fizeste. Ó meu Bem-Amado, com quanta compaixão, com quanta doçura, bondade e ternura, com quantas mostras de amor Tu saras estas chagas feitas com as setas do Teu amor! Ó meu Deus, Tu és o repouso para todas as penas. Não será loucura vã procurar meios humanos para curar os que vivem enfermos do divino fogo? Quem poderá saber aonde tal ferida chegará, donde vem, e como mitigar tão penoso tormento? [...] Quanta razão tem a esposa do Cântico dos Cânticos, ao dizer: «O meu amado é para mim e eu para ele!» (Ct 2,16) Porque o amor que sinto não pode ter origem em algo tão baixo como é este meu amor. E no entanto, Esposo meu, sendo ele assim tão baixo, como entender que seja afinal capaz de superar todas as coisas criadas, para chegar a seu Criador?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 05/02/2009

Evangelho
S. Marcos 6,7-13.

Chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos malignos. Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto; que fossem calçados com sandálias e não levassem duas túnicas. E disse-lhes também: «Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos numa localidade, se os seus habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.» Eles partiram e pregavam o arrependimento, expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos.

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Pio X, papa de 1903 a 1914
Encíclica «E supremi apostolatus»

Enviados por Cristo para o mundo inteiro

«Ninguém pode pôr outro fundamento diferente do que foi posto, isto é, Jesus Cristo» (1Cor 3, 11), Ele «a Quem o Pai santificou e enviou ao mundo» (Jo 10, 36), «esplendor da Sua glória e imagem da Sua substância» (Heb 1, 3), verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sem Quem ninguém pode conhecer perfeitamente a Deus, porque «ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar» (Mt 11, 27). Donde se segue que «reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas» (Ef 1, 10) e fazer regressar os homens à obediência a Deus são uma e a mesma coisa. É por isso que o objectivo para o qual devem convergir todos os nossos esforços consiste em fazer regressar o género humano à soberania de Cristo. Desse modo, o homem será, por isso mesmo, reconduzido a Deus: não a um Deus inerte e despreocupado das realidades humanas, como imaginaram certos filósofos, mas a um Deus vivo e verdadeiro, em três Pessoas, na unidade da Sua natureza, Criador do mundo, que estende a todas as coisas a Sua providência infinita, justo doador da lei, que julgará a injustiça e garantirá à virtude a sua recompensa.

Ora, onde se encontra a via que nos dá acesso a Jesus Cristo? Está diante dos nossos olhos: é a Igreja. Com razão nos diz São João Crisóstomo: «A Igreja é a tua esperança, a Igreja é a tua salvação, a Igreja é o teu refúgio.» Foi para isso que Cristo a estabeleceu, depois de a ter adquirido pelo preço do Seu sangue. Foi para isso que lhe confiou a Sua doutrina e os preceitos da Sua Lei, prodigando-lhe ao mesmo tempo os tesouros da Sua graça, para a santificação e a salvação dos homens. Vede pois, veneráveis irmãos, a obra que nos foi confiada [...]: nada mais pretender do que a todos formar em Jesus Cristo. [...] Trata-se da mesma missão que Paulo atestava ter recebido: «Filhinhos meus, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós» (Gal 4, 19). Ora, como havemos de cumprir semelhante dever, se não estivermos primeiramente «revestidos de Cristo» (Gal 3, 27)? E revestidos a ponto de podermos dizer: «Para mim, o viver é Cristo» (Fil 1, 21).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Evangelho do Dia 04/02/2009

Evangelho 
Marcos 6,1-6.

E partiu dali. Foi para a sua terra, e os discípulos seguiam-no. Chegado o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e diziam: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?» E isto parecia-lhes escandaloso. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e em sua casa.» E não pôde fazer ali milagre algum. Apenas curou alguns enfermos, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. Jesus percorria as aldeias vizinhas a ensinar.

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja
Meditações sobre a vida de Cristo; Opera omnia, t. 12, pp. 530 ss. (trad. Bouchet, Lectionaire, p. 66)

«De onde é que isto Lhe vem? [...] Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria?»

O Senhor Jesus, regressando do Templo e de Jerusalém a Nazaré com seus pais, morou com eles até à idade de trinta anos «e era-lhes submisso» (Lc 2,51). Não se encontra nas Escrituras o que é que Ele fez durante todo este tempo, o que parece bastante surpreendente. [...] Mas, se olharmos com atenção, veremos claramente que, não fazendo nada, fazia maravilhas. Cada um dos Seus gestos revela, com efeito, o Seu mistério. E, como agia com poder, também Se calou com poder, permanecendo recolhido na obscuridade com poder. O Mestre soberano, que nos vai ensinar os caminhos da vida, começa desde a Sua juventude a fazer obras de poder, mas de uma forma surpreendente, incógnita e inconcebível, parecendo aos olhos dos homens inútil, ignorante, e vivendo no opróbrio. [...]

Ele apreciava cada vez mais esta maneira de viver, a fim de ser julgado por todos como um ser pequeno e insignificante; isto fora anunciado pelo profeta, que dissera em seu nome: «Eu sou um verme e não um homem» (Sl 21,7). Vês portanto o que Ele fazia, não fazendo nada. Tornava-se desprezível [...]; acreditas que isso era pouca coisa? Seguramente, não era Ele que tinha necessidade disso, mas nós. Não conheço nada mais difícil nem mais grandioso. Parece-me que chegaram ao mais alto grau aqueles que, de todo o seu coração e sem fingimento, se possuem suficientemente para não procurarem nada de outrem senão ser desprezados, não contar para nada e viver num abaixamento extremo. É uma vitória maior que a tomada de uma cidade.
 

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Evangelho do Dia 30/01/2009

Evangelho
S. Marcos 4,26-34.

Dizia ainda: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro o caule, depois a espiga e, finalmente, o trigo perfeito na espiga. E, quando o fruto amadurece, logo ele lhe mete a foice, porque chegou o tempo da ceifa.» Dizia também: «Com que havemos de comparar o Reino de Deus? Ou com qual parábola o representaremos? É como um grão de mostarda que, ao ser deitado à terra, é a mais pequena de todas as sementes que existem; mas, uma vez semeado, cresce, transforma-se na maior de todas as plantas do horto e estende tanto os ramos, que as aves do céu se podem abrigar à sua sombra.» Com muitas parábolas como estas, pregava-lhes a Palavra, conforme eram capazes de compreender. Não lhes falava senão em parábolas; mas explicava tudo aos discípulos, em particular.

Comentário ao Evangelho do Dia feito por :

São Vicente de Paulo (1581-1660), presbítero, fundador de comunidades religiosas
Entrevistas; parecer de A. Durant, 1656 (Seuil 1960, p. 320)

«A que podemos comparar o Reino de Deus?»

Não tenhais a paixão de parecerdes superiores, nem mestres. Não estou de acordo com uma pessoa que me dizia, há alguns dias, que, para bem conduzir e manter a autoridade, era preciso fazer ver que se era o superior. Ó meu Deus! Nosso Senhor Jesus Cristo não falou nada assim; ele ensinou-nos o contrário, com a palavra e com o exemplo, dizendo-nos que Ele próprio veio, não para ser servido, mas para servir os outros, e que aquele que quiser ser o primeiro deve ser o escravo de todos (Mc 10, 44-45) [...].

Por isso, entregai-vos a Deus, a fim de falardes no espírito humilde de Jesus Cristo, confessando que a vossa doutrina não é vossa, nem de vós, mas do Evangelho. Imitai sobretudo a simplicidade das palavras e das comparações que Nosso Senhor fazia na Sagrada Escritura, falando ao povo. Que maravilhas não podia Ele ensinar ao povo! Que segredos não teria Ele sido capaz de desvendar sobre a Divindade e as Suas admiráveis perfeições, Ele que era a Sabedoria eterna de Seu Pai! No entanto, vede como fala inteligivelmente, e como se serve de comparações familiares, de um trabalhador, de um vinhateiro, de um campo, de uma vinha, de um grão de mostarda. Aí está como é preciso que vós faleis, se quereis fazer-vos entender pelo povo, a quem anunciais a palavra de Deus.

Outra coisa à qual deveis dar uma atenção muito particular é terdes uma grande dependência em relação à conduta do Filho de Deus; quero dizer que, quando for preciso agir, façais esta reflexão: «Isto está de acordo com as máximas do Filho de Deus?» Se achardes que está, dizei: «No momento certo, façamos»; se não, dizei: «Não o farei nunca». Mais, quando for o caso de fazer qualquer boa obra, dizei ao Filho de Deus: «Senhor, se estivésseis no meu lugar, como faríeis Vós nesta ocasião? Como instruiríeis Vós o povo? Como consolaríeis Vós este doente do espírito ou do corpo?» [...] Procuremos fazer com que Jesus Cristo reine em nós.